Alguns anos vivi em Iporá
Principalmente nasci em Iporá.
Por isso sou triste, orgulhosa: de
ferro.
Oitenta por cento estrada vermelha,
solo fértil.
Noventa por cento de ferro na alma.
E esse alheamento que na vida é apenas
respiração e comunicação.
A vontade de amar que me paralisa o
trabalho
Vem de Iporá, de suas noites
silenciosas, sem amores e sem horizontes
E o hábito de sofrer que tanto me
diverte, é doce esperança iporaense
De Iporá trouxe prendas diversas
que ora te ofereço:
Esta Nossa Senhora Aparecida do velho
peão estradeiro;
Este couro de boi transformado em
tamboretes;
Este orgulho, esta dignidade, esta
cabeça ora erguida, ora baixa, essa coragem...
E esta cultura arraigada até a alma
Tive sonhos, tive ilusões...
Tudo enfadonho, decepções...
Hoje sou funcionária pública
Iporá, não é nem fotografia na parede!
É apenas uma saudosa lembrança!
Um eterno filme em minha vida
Mas como dói!
Coraci Machado - out/2009
Intertextualidade do poema
“Confidências do Itabirano” da Antologia poética de
Carlos Drumond de Andrade
http://metodologiadaliberdade.blogspot.com.br/2009_10_04_archive.html